SALMO 2: CONFIAR EM DEUS É O MELHOR CAMINHO!
O salmo 2 é de categoria real / messiânico. Podemos interpretá-lo tanto sob a ótica do rei de Israel quanto sob uma ótica messiânica. Sob o ponto de vista real, o rei está falando sobre a supremacia de Deus nas guerras que seu povo enfrenta. Sob o ponto de vista messiânico, devemos enxergar o reino de Deus. De acordo com a tradição judaica (Radak on Psalm 2:1), esse salmo foi escrito no início do reinado de Davi, no momento histórico de 2 Samuel 5:17-20.
O salmo 2 pode facilmente ser dividido em 4 partes de três versos:
- 1 – 3: A rebelião das nações
- 4 – 6: A soberania de Deus
- 7 – 9: A soberania do decreto de Deus
- 10 – 12: Confiar e se render a Deus é o melhor caminho!
A rebelião das nações (v. 1-3)
As nações se juntam com propósitos rebeldes. Seus reis planejam (tramam) em vão. As estratégias dos adversários de Deus são inúteis. A derrota deles é certa. Os reis da terra conspiram contra o Senhor e o seu ungido – numa visão real, o ungido aqui é Davi; ele é o rei que está estabelecido em Sião (v. 6; 1 Sm 16:3,13). A rebeldia deles é de não aceitar o governo davídico. Por isso, eles querem quebrar as correntes e soltar as algemas. Eles querem “liberdade” (v. 3).
Apesar de se oporem a Davi, a rebelião desses líderes, na verdade, é contra o próprio Deus. Assim, numa perspectiva messiânica, esse salmo está falando sobre como o reino de Deus sofre constantes oposições.
A soberania de Deus (v. 4-6)
Como a obstinação daqueles reis é contra Deus, então “aquele que está sentado nos céus se rirá; o Senhor zombará deles”. “Sentado nos céus” é uma metáfora para declarar que Deus não está preocupado / ansioso com a rebelião. “Rirá / zombará” é um antropomorfismo para demonstrar que, ao invés de preocupado, Deus ri com o engano dos poderosos. A ira e o furor de Deus são representações das guerras. A mensagem que será transmitida nessas guerras é que Davi é o escolhido de Deus e que ele sairá vitorioso nas batalhas.
A soberania do decreto de Deus (v. 7-9)
Davi tinha convicção de que venceria as batalhas porque sabia de sua vocação como rei e de alguém que deveria expandir o reino de Israel. Os versículos 7-9 são uma resposta ou palavra de Deus para o ministério dele. Por exemplo, “meu filho, te gerei”, trata-se de uma visão de intimidade com Deus, o que Davi realmente tinha. “Darei as nações” é a natureza expansiva do ministério davídico (cf. 2 Sm 8:14; 1 Cr 19:17). “Quebrarás e despedaçarás” é a convicção de que sairá vitorioso nas batalhas.
Além da aplicação real, esses versículos também tiveram conotações messiânicas. Nesse sentido, há um apontamento de que todos os limítrofes pertencem ao Senhor! Logo, o reino de Deus avançará e não poderá ser contido por ninguém! No futuro, Daniel profetizou sobre essa realidade do reino de Deus (Dn 2:44,45).
Confiar e se render a Deus é o melhor caminho! (v. 10-12)
Os poderosos são instruídos a se submeterem a Deus e a temê-lo. Com disse Spurgeon, “temor é um misto de reverência com humildade e de medo com alegria. Medo sem alegria é tomento e alegria sem medo é presunção”. O salmista reforça essa ideia ao dizer: “Beijai o filho, para que não se ire, e pereçais no caminho”. Beijar uma autoridade era um ato comum no AOP (Antigo Oriente Próximo) para demonstração de respeito. Chegar na presença de uma autoridade sem isso era entendido como uma afronta.
A conclusão do salmo se revela na máxima: “bem-aventurados todos aqueles que nele confiam” (v. 16; cf. Pv 16:20; Is 30:18; Jr 17:7). Que tenhamos nossa confiança no Criador e dessa maneira, temos a certeza de que seremos bem-aventurados! Confiar em Deus, inequivocamente, é o melhor caminho!
Vinicius Couto é um presbítero ordenado liderando o ministério da Primeira Igreja do Nazareno de Vinhedo, São Paulo. Ele também é professor no Seminário Teológico Nazareno no Brasil.