João inicia este capítulo 3, referindo-se à grandeza e à incomparabilidade de amor de Deus ao nos conceder o privilégio de nos chamar “seus filhos” mercê à obra de seu Filho Jesus Cristo que nos regenerou e por conta disso, somos verdadeiramente herdeiros do Reino dos céus. João faz uma advertência no versículo 3 dizendo que “todo aquele que tem esta esperança em Cristo purifica-se para ser puro como Ele.” Desta forma, ele introduz a temática de pecado que a desenvolve até quase ao fim do capítulo 3, dizendo: “Todo aquele que comete o pecado desobedece à lei de Deus, porque o pecado é uma desobediência a Deus.”

Para compreendermos melhor esta afirmação de João podemos viajar para a origem do pecado no livro de Génesis capítulos 2 e 3, onde em Gen. 2:16 Deus dá a seguinte ordem ou mandamento ao Adão: “Podes comer do fruto de qualquer árvore, menos do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.” Mas curiosamente, este mesmo homem que recebeu esta ordem, em Génesis 3:6 é descrito a fazer o contrário do comando divino: “A mulher pensou então que devia ser bom comer do fruto daquela árvore, que era apetitoso e agradável à vista e útil para alcançar sabedoria. Apanhou-o. comeu e deu ao seu marido que comeu também.” Está aqui uma afronta clara ao mandamento. Desobediência consciente e inquestionável à ordem do criador. Isto é que é verdadeiramente o pecado.

Antes de continuar a debruçarmo-nos sobre esta temática, importa referirmo-nos sobre a definição do pecado. Esta palavra vem do grego “hamartáno” que em hebraico diz-se “hhatá” e em latim “peccátu que significa errar um alvo ou algum objectivo determinado. O que no mundo secular se refere a crime, no mundo religioso chamamos pecado. Enquanto o crime traduz uma transgressão às leis de um determinado país, o pecado é uma expressão de desobediência à vontade ou à lei de Deus. O pecado é a barreira que nos impede alcançar a face de Deus. Como bem sabemos, o ser humano foi feito à imagem e semelhança com Deus. Isto quer nos dizer que o homem, antes de pecar, era santo como o Pai. O pecado foi a causa que fez com que o ser humano perdesse aquela semelhança com o Pai. Jesus Cristo, como diz João em 3:5 veio propositadamente “para tirar os nossos pecados”. Esta acção de graça de Cristo é que nos faz restaurar aquela semelhança perdida e consequentemente recuperarmos o relacionamento com o nosso criador. Para sermos filhos de Deus temos de ser santos pois Ele é santo, Lev. 19:2

Jesus Cristo é puro, não há pecado nenhum nele, portanto, todos aqueles que estão unidos a Ele estão livres de pecado. João estabelece aqui uma diferença entre os que permanecem em Jesus Cristo e os que continuam nas trevas dizendo que os primeiros, uma vez salvos e perdoados os seus pecados colocaram ponto final às transgressões conscientes da lei de Deus enquanto que os outros que continuam pecando estão longe da face de Deus e nem sequer o conheceram alguma vez. Devemos honrar este privilégio de sermos chamados filhos de Deus aperfeiçoando-nos diariamente na santidade. Amen!

Jafete Mabote é um diácono ordenado e secretário distrital em Moçambique.