Não há função mais nobre que ajudar uma criança a desenvolver um carácter recto, atitudes adequadas e hábitos saudáveis; e essa responsabilidade recai sobre os pais ou outras pessoas que as tenham a seu cuidado. A criança precisa de direcção, limites adequados e repreensão quando os limites são ultrapassados. E sábio é o filho que atende à instrução e acata a repreensão.

Um dos problemas que a sociedade hoje enfrenta é haver muitos pais que se demitem dessa responsabilidade, deixando os filhos crescer completamente à vontade e sem limites, pensando que com isso demonstram amor por eles. É uma má interpretação do que é amar uma criança, pois é na instrução dada com carinho e desvelo que os pais mais revelam o seu amor, contribuindo para o bom futuro da criança e fazendo-a sentir-se segura sob a direcção dos pais. Assim, podemos acrescentar ao pensamento de que o filho sábio atende à instrução do pai, esse outro, de que o pai sábio empenha-se a instruir o filho e repreende-o quando necessário.

Quase todos os preceitos que vêm a seguir neste capítulo podem e devem ser objecto da instrução de pais para filhos. A criança precisa de aprender quando falar e quando ficar calada, pensar antes de responder; ajudar em casa e fazer os seus deveres escolares, evitando a preguiça; ganhar um grande amor à verdade e à integridade, odiando a mentira; desenvolver um apurado sentido de justiça; saber avaliar-se a si mesma, tendo a noção das suas qualidades e defeitos, procurando reforçar as primeiras e corrigindo os defeitos, mas não se sentindo nem superior nem inferior a ninguém, nem precisando impressionar terceiros com as suas qualidades ou posses. Tudo isto são valores que devem ser passados de pais para filhos, para se conseguir uma sociedade saudável.

Educar e transmitir valores a uma criança não é trabalho fácil. Requer um grande empenho, muita atenção, muito tempo passado com ela, muitas trocas nos dois sentidos, pois os pais precisam não só de falar, mas também de ouvir, auscultando os sentimentos dos filhos, as suas reacções, reforçando o que é saudável e ajudando-a a encontrar dentro de si mesma soluções para aquilo que precisa de ser endireitado. Não é fácil, mas é bastante recompensador.

Neste dar e receber, ouvir e aconselhar, comunicando experiências de vida e dando o seu testemunho da graça de Deus nas suas vidas, os pais têm a oportunidade não só de moldar o carácter dos filhos, mas também de suscitar neles o desejo de um relacionamento profundo com Deus, sabendo que têm n’Ele um grande Aliado. Pois Ele, mais do que ninguém, está empenhado no bem da criança, no seu desenvolvimento saudável e harmonioso, no seu reconhecimento do Criador como supremo na sua vida. Como dizem as Escrituras, “ensina a criança no caminho em que deve andar e até quando envelhecer não se desviará dele”. É em tenra idade que se lançam as sementes de um carácter impoluto e de um grande amor a Deus, o Pai por excelência.

Maria Odette Pinheiro é um ancião ordenado na Igreja do Nazareno.