SALMO 1: OS BENEFÍCIOS DOS JUSTOS E AS CONSEQUÊNCIAS DOS ÍMPIOS

SALMO 1: OS BENEFÍCIOS DOS JUSTOS E AS CONSEQUÊNCIAS DOS ÍMPIOS

SALMO 1: OS BENEFÍCIOS DOS JUSTOS E AS CONSEQUÊNCIAS DOS ÍMPIOS

Os salmos são o hinário do povo de Israel em sua fase pré-exílica. Existem vários tipos de canções salmódicas, como penitencial, sapiencial, devocional etc. O primeiro Salmo se enquadra na categoria dos “Salmos de Sabedoria e de Contraste Moral”. Nele, o salmista compara o caminho do justo e o caminho do ímpio. Quem são os justos no Antigo Testamento? São aqueles que querem fazer as coisas em conformidade com a vontade de Deus. E quem são os ímpios no Antigo Testamento? São aqueles que não têm temor de Deus e que andam segundo a própria vontade. No Novo Testamento, uma linguagem parecida é a de Paulo, que faz contraste entre espirituais e carnais.

O salmista chama de “bem-aventurado”, ou seja, alguém muito feliz, aquele que não anda, para e se assenta (ele usa um efeito declinador) com os ímpios. No primeiro caso, ele fala de alguém que não anda, isto é, não segue os conselhos dos ímpios (não cai na sedução). Em seguida, ele fala daquele que não imita a conduta dos pecadores (não se corrompe na ação). E, finalmente daquele que não se assenta na roda dos escarnecedores (não falha na associação).

Ao invés de se deixar levar pelas obras malignas, o bem-aventurado prefere a Lei do Senhor. O prazer (deleite, satisfação) dele está na Lei do Senhor. Não num sentido legalista, mas de relacionamento com Deus, de alimento espiritual. Por isso, ele medita nessa Lei o dia inteiro (dia e noite), seguindo as diretrizes da Torah (Dt 6:6) e dos profetas anteriores (Js 1:8). Para valorizar as vantagens de seguir a Lei e das bem-aventuranças derivadas dessa práxis, o salmista compara o estado de bem-aventurança com uma árvore que possui todas as condições a seu favor. Essa comparação é muito semelhante a Jeremias 17:8.

Na visão do salmista, a árvore plantada não está sujeita ao acaso, mas está debaixo do controle soberano de Deus e a proximidade da fonte de água demonstra o cuidado providencial divino, pois quando precisa de algo, tem acesso à fonte (nesse caso, Deus). Ademais, essa árvore produz frutos na estação certa, de modo que, além de frutífera, essa pessoa tem discernimento dos tempos certos para as coisas da vida. O salmista também menciona que, as folhas não murcham, estando sempre verdes. O resumo da comparação com a árvore é: tudo o que essa pessoa faz, prospera, dá certo.

Em contrapartida, os ímpios são retratados por outro caminho, num viés antitético: eles têm maus conselhos, más condutas e más posturas. Por isso, o salmista agora mostra como é a consequência final da vida deles: (v. 4) são como a palha que o vento leva e (v. 5) não resistirão no julgamento. Sendo um salmo de sabedoria e de contraste moral, o salmista encerra de maneira coerente sua canção, com a seguinte moral: “o Senhor aprova o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios leva à destruição”. Que sigamos o caminho da justiça, glorificando a Deus com nossas obras!

Vinicius Couto é um presbítero ordenado liderando o ministério da Primeira Igreja do Nazareno de Vinhedo, São Paulo. Ele também é professor no Seminário Teológico Nazareno no Brasil.

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