Salmo 94
O salmo 94 traz uma celebração do reino universal de Deus. Nisto, o salmista começa por chamar Deus de vingador. Muitos cristãos argumentam que não podemos desejar o castigo dos ímpios porque a nossa missão é amá-los. Se quero o bem para os meus perseguidores como posso desejar que Deus os castigue? Como podemos conciliar o nosso amor cristão para com os ímpios e a mensagem do salmo 94?
A conciliação é clara porque a ordem de amar os nossos inimigos vem de Deus e é a este Deus que o salmista clama no tempo de adversidade. Portanto, o salmista sabe que Deus fará somente o que é perfeito. Desta forma, ele deixa a vingança para Deus. O próprio salmista esclarece, no versículo 7, que a raiz da maldade consiste em pensar que Deus não vê. Por outras palavras, os ímpios vivem sem temor a Deus e acham que são poderosos para fazer tudo que quiserem e não há quem pode os pare ou julgue. Nisto, os ímpios tentam tirar Deus do Seu trono. Mesmo assim, Deus não deixa de lhes fazer o bem, uma vez que a vida que eles têm vem de Deus. Por isso, o salmista considera-os tolos porque foram criados por Deus e não há falta de revelação para que não reconheçam a grandeza de Deus. Portanto, a oração do salmista está em harmonia com o amor aos nossos perseguidores porque precisam de reconhecer que Deus é o juiz de toda a terra que age com justiça. Deus revela o Seu amor salvando os oprimidos e julgando os ímpios quando eles não se arrependem (Génesis 18:25).
O salmista sabe que Deus ama a todos, incluindo os pecadores mas odeia o pecado. Assim sendo, não é a oração do salmista que fará com que Deus julgue os ímpios; pelo contrário, é a certeza que o salmista tem a respeito do poder de Deus e o Seu amor para com o povo oprimido que ele levanta esta confissão ao SENHOR em forma de oração. Passou muito tempo desde que este salmo foi escrito mas a sua mensagem continua relevante nos nossos dias. O mundo está ameaçado pela impiedade humana onde a humanidade se acha capaz de fabricar armas nucleares que podem destruir toda a terra, assim como as mudanças climáticas que fazem com que o futuro seja ameaçador. Em tudo isto, a nossa consolação está no SENHOR. Juntamente com o salmista confessamos que se não fosse a ajuda do SENHOR, já estaríamos a habitar no silêncio (Salmo 94:17).
O salmo 94 ajuda-nos entender que amar os inimigos não significa encorajá-los a continuar a praticar a maldade ou a minimizar a verdade sobre o julgamento; o amor cristão é activo no sentido de motivar o povo de Deus a defender a justiça e amor, repreendendo a impiedade dos ímpios como forma de os fazer ver o poder de Deus para o arrependimento. Nisto, a vida pacífica que o povo de Deus toma não é fundamentada no medo dos opressores mas sim na confiança no SENHOR como a sua torre segura, a rocha onde encontram refúgio (Salmo 94:22).
Halissone Nefitala é professor em Seminario Nazareno em Mocambique.